} Crítica Retrô: De repente, num domingo / Vivement dimanche! (1983)

Tradutor / Translator / Traductor / Übersetzer / Traduttore / Traducteur / 翻訳者 / переводчик

Friday, July 6, 2012

De repente, num domingo / Vivement dimanche! (1983)

Se houve um diretor que coletou mais influências ao longo de sua vida e carreira também como espectador, este foi sem dúvida François Truffaut. Como se esquecer de seu alter-ego, o diretor Ferrand de “A Noite Americana / La Nuit Américaine” (1973), que coloca diversos livros sobre as obras de diretores que admirava sobre uma mesa, a fim de lê-las para obter inspiração?

The director who collected most influences througout his life is career, especially as a moviegoer, was without a doubt François Truffaut. How can we forget his alter ego, director Ferrand in “Day for Night / La Nuit Américaine” (1973), who put over a table several books about the works of directors he admired, wanting to read them and be inspired?
Um dos que mais o influenciou foi Alfred Hitchcock, que acabou dando uma série de entrevistas a Truffaut que mais tade se transformariam em um livro. Por isso não é de se espantar que o realizador francês tenha feito várias referências e homenagens à obra de Hitchcock em seus próprios filmes. Prova disso são os thrillers “Atire no pianista!” (1960) e “A noiva estava de preto” (1968). Seu último filme também não deixa de ser incrivelmente hitchcockiano. Em cada país “Vivement dimanche!” ficou conhecido por um nome: aqui no Brasil é “De repente, num domingo”, o que não é muito correto, enquanto nos países de língua inglesa é “Confidentially Yours”, denunciando um subtexto romântico. A melhor tradução do francês, no entanto, seria “finalmente domingo!”. 

One of the directors that influenced him the most was Alfred Hitchcock, who even agreed to give a series of interviews to Truffaut, that were later published in a book. That's why it's no surprise that the French filmmaker has referenced and paid tributes to Hitchcock's work in his own films. As examples we have the thrillers “Shoot the Piano Player!” (1960) and “The Bride Wore Black” (1968). His last film was also incredibly Hitchcockian. In each country “Vivement Dimanche!” had a different title: in Brazil it is “Suddenyl, on Sunday”, which is a so-so translation, while in English-speaking countries it is “Confidentially Yours”, which gives away the romantic subplot. The best translation from French, however, would be “Finally Sunday!”.
A trama gira em torno de Julien Vercel (Jean-Louis Trintignant), um corretor de imóveis acusado de uma série de assassinatos. A protagonista é, no entanto, Barbara (Fanny Ardant), a secretária de Julien que passa a investigar os crimes. Todos se relacionam com a mulher dele, Marie-Christine, cujo comportamento promíscuo era desconhecido pelo marido.

This is the story of Julien Vercel (Jean-Louis Trintignant), a house dealer accused of a series of murders. The leading lady is Barbara (Fanny Ardant), Julien's secretary and the woman who decides to investigate the crimes. All of the murders are related to his wife, Marie-Christine, whose promiscuous behaviour was unknown to her husband.
O filme tem todo um clima de filme noir, principalmente por ser em preto-e-branco, mas também pelo mistério, os locais insólitos de investigação e os ambientes fumacentos a serem explorados no meio da noite. A década de 1940 é evocada, mesmo sendo esta a época dos filmes considerados menos famosos dentro da obra de Hitch. Truffaut não faz nenhuma referência explícita aos filmes de Hitch, mas há algo de voyeurismo na pequena janela do escritório em que Barbara e Julien podem ver os pés das pessoas que passam na rua. A única referência ao cinema americano é a sessão no cinema de “Glória feita de sangue” (1957), dirigido por outro ídolo de Truffaut, Stanley Kubrick.


The movie has a film noir feeling, especially because it is shot in blakc and white, but also because it has mystery, odd places for investigation and smoky places to be explored in the middle of the night. The 1940 atmosphere is present, even though Hitchcock's most famous movies weren't made in this decade. Truffaut doesn't make any explicit reference to Hitchcock's films, but there is something voyeuristic in Barbara's and Julien's behaviour when they peek through an office window and see the feet of people walking down the street. The only refenrece to American cinema is the cinema exhibiting “Paths of Glory” (1957), directed by other of Truffaut's idols, Stanley Kubrick.
Outro ponto de convergência é a ideia de um homem ser acusado injustamente. Aqui não sabemos se ele é ou não culpado, como acontece nos filmes de Hitchcock em que o protagonista é claramente inocente, como “Intriga Internacional” (1959). E mais uma conexão é a parte cômica em que Barbara sai de um ensaio da peça “O corcunda de Notre Dame” e vai investigar o caso vestida com o figurino da produção. Hitchcock sempre usava doses de humor em seus filmes.

Another convergence point is the theme od a man wrongly accused. Here we don't know if he is guilty or innocent, something that does'nt happens in Hitchcock movies in which the leading man is obviously innocent, like “North by Northwest” (1959). Another connection is the comic moment when Barbara leaves the rehearsal of the play “The Hunchbak of Notre Dame” directly to investigate a case, still wearing her outfit for the play. Hitchcock always used little doses of humor in his films.
Algo interessante é que Truffaut, ao contrário de Hitchcock, geralmente tem mulheres no papel principal de seus filmes de suspense. Para Hitch, quem investiga o caso é James Stewart, Cary Grant, Henry Fonda ou outro no mesmo estilo bom moço. Para Truffaut, é uma de suas musas, como Jeanne Moreau ou a própria Fanny, com quem ele teve uma filha. Mas isso não quer dizer que o mestre do suspense não tenha tido suas “musas”: vale citar Grace Kelly, Tippi Hedren (um caso controverso, é verdade) e Ingrid Bergman, por quem Hitch teria se apaixonado sem ser correspondido. 


Something interesting is that Truffaut, unlike Hitchcock, usually has women in the leading role in his thrillers. For Hitch, the one who will investigate the case is James Stewart, Cary Grant, Henry Fond or another with the good guy persona. For Truffaut, it is one of his muses, like Jeanne Moreau or Fanny herself, with whom Truffaut had a daughter. But this doesn't mean that the Master of Suspense didn't have his muses: we can mention Grace Kelly, Tippi Hedren (a controversial example, to be fair) and Ingrid Bergman, whom Hitchcock might have fallen in love with, without being corresponded.
Sem dúvida a cena que mais lembra a obra de Hitch é o breve momento em que Barbara está dirigindo. Seu rosto é focalizado, nenhuma palavra é pronunciada e ela teme estar sendo seguida. Acrescente uma trilha sonora de suspense e voilà: imitamos a fuga de carro de Marion Crane (Janet Leigh) em “Psicose”!

There is no doubt about the scene that reminds Hitchcock's work the most: the brief moment in which Barbara is driving. Her face is in a close-up, no word is uttered and she fears being followed. Add a suspenseful score and voilà: we imitate Marion Crane's (Janet Leigh) car escape in “Psycho”!
Como a maioria dos cineastas, Truffaut não sabia que este seria seu último filme. Ele tinha o plano de dirigir 30 produções e então se aposentar para escrever livros. Mas ele adoeceu e faleceu precocemente em 1984, aos 52 anos, vítima de um tumor cerebral. Ele dirigiu 28, entre curtas e longas-metragens. Mais divertido do que sombrio em seu final, “De repente, num domingo” nos deixa com a certeza de que Truffaut foi um romântico e um intelectual. Afinal, não somos todos?

Like most filmmakers, Truffaut didn't know that this would be his last film. He had planned to direct 30 films and then retire and write books. But he got sick and died young in 1984, at age 52, because of a brain tumor. He directed 28, between short and feature films. More fun than dark in the final minutes, “Confidentially Yours” gives us the certainty that Truffaut was a romantic and an intellectual. But aren't we all?

This post is my entry for "The Best Hitchcock Films Hitchcock Never Made" blogathon, hosted by  Tales of the Easily Distracted and ClassicBecky's Brain Food.

15 comments:

Iza said...

Não conhecia ele não, mas adorei o seu post. Adoro Hitch e sou fã do Kubrick, e já que ele faz referências a esses dois diretores, com certeza vou adorar assistir seus filmes. Beijos <3

Júlio Pereira said...

Está aí um Truffaut que desconhecia até então. Ele é mesmo fanboy do Hitchcock e o homenageia em várias obras. Aliás, quem não homenageia Hitchcock? Um verdadeiro mestre do suspense. Entretanto, acho que o diretor com maior coleção de referências em sua carreira é Martin Scorsese!

whistlingypsy said...

An excellent contribution to the "Hitch not Hitch" blogathon, and a film unfamiliar to me. I cannot think of another director so closely connected to Hitchcock as Truffaut, and your choice is perfect. I find it interesting that Hitchcock is not generally remembered for his humor, but his silent films were often quite funny. His humor mostly grew out of the situation, and acted as comic relief. Thanks for the introduction to a new Truffaut title; I'm a big fan but I'm still discovering his films.

Mary said...

este também me era desconhecido amiga, mas adoro hitch e se ele faz referência a ele acho que vou curtir seus filmes sim.. vamos ver o que encontro por aqui pra assistir.. brigada pela dica.. beijos mil e ótimo domingo amiga..

Marcela - Glamour Vintage said...

Adoro filmes do Truffaut, mas esse eu nunca assisti. Obrigada pela dica, vou colocar na minha lista de filmes para ver hehe!
beijos

www.glamour-vintage.blogspot.com

FlickChick said...

Excellent post. I have not seen this film, but it sounds like something I should watch when I'm in the mood for Hitchcock.

Jefferson C. Vendrame said...

Oi Lê, tudo bem?
Você acredita que sou Leigo em Truffaut? Só conheço dele "O Garoto Selvagem" até porque assisti na universidade em uma aula de Psicologia da educação...
Sou muito desligado do cinema Europeu mas em breve quero começar a adquirir alguns títulos, os mais aclamados para começar...

Ótimo Post, Seus textos cada vez melhores...
Adorei as informações aqui trazidas...

Grande abraço

Jefferson C. Vendrame said...

Lê,Obrigado por seus comentários, sempre presentes,
Quanto ao seu último comentário em meu blog, no filme Mata Hari,quanto a sua crítica escrita sobre ele, eu já havia acessado seu post através de consultas ao Google, por sinal um ótimo texto...

Grande Abraço

ANTONIO NAHUD said...

Desculpe-me pelo sumiço. Estava enrolado com o lançamento de dois livros.Mas já estou de volta! Amo essa homenagem de Truffaut ao mestre Hitch.

O Falcão Maltês

Ella said...

Adorei!!!
Não conhecia e adorei saber mais :)
Um ótimo início de semana!
Bjus

Rafaelando

Ava Portmam ( Juliana Nascimento ) said...

Olá , adorei seu blog e já estou seguindo!!Pode deixar que sempre passarei por aqui !Beijão da JU !

Ava Portmam ( Juliana Nascimento ) said...

Olá ,adorei seu blog e já estou seguindo , pode deixar que sempre darei uma passada por aqui , muito bom!Beijos da JU !

As Tertulías said...

Sou um eterno fa de Hitch... Esta conexao Truffaut-Hitch-Cahiers du Cinema é importantíssima (Nao devemos esquecer quer o mesmo Truffaut foi o responsável sobre a "Renascenca" de Louise Brooks... mas isto jé é mais para para manga... )
Beijos, Le! Amei!!!!!

Rubi said...

Preciso me aprofundar nas obras de Truffaut; confesso que conheço muito pouco, tanto sobre sua vida quanto sobre sua filmografia. Mais um excelente post!

*Obrigada por me avisar sobre o filme. Assisti no domingo e fiquei encantada. Que filme maravilhoso!

Mario Salazar said...

Me suena bien la película, me gusta Truffaut, eso sí creo que admiraba a Hitchcock pero su cine es distinto, no veo mucha semejanzas, era mucho más reflexivo y romántico pero tirando a sensual, Hitch era más superficial, dos genios eso sí. Un abrazo.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

.

https://compre.vc/v2/335dc4a0346