} Crítica Retrô: August 2012

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Tuesday, August 28, 2012

Cinco filmes e uma só fonte


Dependendo de para onde você for viajar nas férias, pode ser que uma das atrações seja uma fonte, daquelas em que se joga uma moedinha e se faz um pedido, de águas coloridas ou com belas esculturas ao redor.
Minha cidade é famosa pelas águas termais e medicinais e, para sustentar o título de estância hidromineral, não poderiam faltar fontes. Minha avó conta que nos jardins, antigamente, a música acompanhava a mudança de cores da fonte e os casais iam para lá dançar. O toque de recolher era a canção As Time Goes By.
Muito mais famosa que as fontes da minha terra é a Fontana de Trevi, em Roma, que foi construída em 1732. “Trevi” vem de “tre vie”, pois a fonte se localiza na junção de três ruas. Como uma apaixonada pela Itália, admiro a arquitetura e conheço bem a fama dessa fonte. E não sou só eu que tenho consciência da importância dela: os cineastas também a adoram.  

A Fonte dos Desejos / Three Coins in the Fountain (1953): Três americanas vivendo na Itália jogam moedinhas na fonte, desejando romance. Maria (Maggie McNamara) acaba conhecendo um príncipe (Louis Jordan), e Anita (Jean Peters) um proletário de bom coração (Rossano Brazzi). Só Frances (Dorothy McGuire), secretária de um escritor (Clifton Webb) parece não ter muita sorte... Ou não perceber a sorte que tem.
A Princesa e o Plebeu / Roman Holiday (1953): Enquanto a princesa Ann (Audrey Hepburn) corta seu cabelo perto da fonte, o jornalista Joe Bradley (Gregory Peck) tenta roubar uma câmera de uma criança.
 A Doce Vida / La Dolce Vita (1960): Se você tem uma vontade louca de entrar de roupa e tudo numa fonte, a culpa deve ser deste filme. Numa cena icônica, Anita Ekberg entra na Fontana à noite, com seu belo vestido preto e cabelo loiro esvoaçante. Marcello Mastroianni volta de uma caçada noturna a uma garrafa de leite e sente profunda vergonha pela cena, indo tirar a moça das águas. Depois de um bom tempo esperando a água da fonte ser limpa, Fellini ainda teve de esperar Mastroianni vestir uma roupa de banho embaixo do terno e beber uma garrafa de vodka para ter coragem de entrar na fonte no frio do inverno italiano. Quando Marcello faleceu, em 1996, as luzes da fonte se apagaram em sua homenagem.
 Elsa e Fred (2005): O viúvo Fred (Manuel Alexandre) reencontra a alegria de viver ao conhecer a animada Elsa (China Zorrilla), uma simpática velhinha cujo sonho é viajar para Roma e recriar a cena de “A Doce Vida”.
Quando em Roma / When in Rome (2009): Se dá sorte jogar uma moeda na Fontana, o que aconteceria se alguém tirasse uma moeda de lá? Consta que 3000 euros são jogados na fonte todos os dias, então a americana Beth (Kristen Bell) não vê problema em tirar algumas moedas. A partir daí uma série de pretendentes começa a aparecer.
Ah, só para avisar: se você tentar entrar na fonte para valer em uma viagem à Itália, você será multado em 500 euros. Desculpe estragar a diversão.
"Saia daí, eu não tenho como pagar a multa!"
 
This is my entry for the Cinematic World Tour Blogathon, hosted by All Good Things.

Wednesday, August 22, 2012

Centenário de Gene Kelly


Sim, caros amigos! Aquele dançarino risonho de corpo atlético e ar jovial, se estivesse vivo, completaria 100 anos! Como eu adoro histórias de bastidores, resolvi homenagear esse grande artista com curiosidades sobre seus filmes. Prontos? Então lá vamos nós sapatear no temporal:

No filme “Artistas e Modelos / Cover Girl” (1944), Gene teve liberdade para criar e executar suas ideias. Foi aí que ele removeu paredes para filmar uma dança de Rita Hayworth ao longo de uma rua em uma única tomada e também idealizou a inovadora dança com o alter-ego.
Em “Marujos do Amor / Anchors Aweigh” (1946), a ideia original era que Gene dançasse ao lado de Mickey Mouse, o que não foi permitido por Walt Disney. A solução foi substitui-lo pelo ratinho Jerry, da dupla com o gato Tom que, por sinal, nadou ao lado de Esther Williams em “Dangerous when Wet” (1953). Depois de pronta a sequência, os animadores tiveram de desenhar a sombra do roedor no chão, pois esta não aparecia.
“O Pirata” (1948) deveria ser estrelado por Cary Grant e Greer Garson. Com a mudança de planos, foi transformado em musical. No número “Voodoo”, Judy Garland e Gene fazem uma performance tão caliente que deixou Louis B. Mayer furioso.
Um dos policiais que persegue os três marinheiros nas ruas de NY em “Um dia em Nova York / On the Town” (1949) é interpretado pelo mesmo ator que fez o guarda que surge ao fim do número principal de “Cantando na Chuva”.
A inspiração para filmar “Sinfonia de Paris / An American in Paris” (1950) veio do filme inglês “Os Sapatinhos Vermelhos”, de 1948. Ironicamente, quando “Um Dia em Nova York” estreou, o produtor Arthur Freed mandou um bilhete a Gene Kelly e Stanley Donen dizendo que o trabalho dos diretores Michael Powell e Emeric Pressburger não se comparava ao novo sucesso da MGM.
Leslie Caron foi descoberta por Gene e escalada para o papel principal em “Sinfonia de Paris”. Por ter sofrido de subnutrição durante a Segunda Guerra Mundial, Leslie só gravava dia sim, dia não, pois o trabalho no set de filmagem lhe deixava estafada.
Depois de filmado o número “Make ‘em laugh” de “Cantando na Chuva” (1952), Donald O’Connor ficou uma semana no hospital porque fumava muito e perdeu o fôlego. No entanto, o rolo do filme foi estragado e Donald teve de refazer sua performance.
Ao fim da gravação de “Good Morning”, Debbie Reynolds tinha veias dos pés estouradas tamanho o esforço que fez. Mesmo assim, Gene Kelly não gostou do sapateado dela e decidiu gravar seu próprio sapateado em estúdio e inseri-lo na música. Ironicamente, no número principal seus passos na água foram “dublados” por duas dançarinas.
Na década de 1920 o pai de Gene trabalhou com o cantor Al Jolson, protagonista do filme que colocaria fim à era muda, “O Cantor de Jazz” (1927). A chegada do som ao cinema é assunto de “Cantando na Chuva” e os filmes falados foram exatamente a causa da demissão do pai de Gene.
Gene Kelly, formado em economia, ficou conhecido mundialmente como ator, dançarino, diretor, cantor e coreógrafo. Começou a dançar para impressionar as garotas. Participou de quatro shows da Broadway e coreografou mais um antes de ir para Hollywood. Fez 46 trabalhos como ator, 13 como diretor, 7 como produtor, 15 como coreógrafo e ajudou a escrever o roteiro de dois filmes. Seu talento e competência em todas essas funções fazem com que ele permaneça uma estrela sempre lembrada e homenageada. Parabéns, Gene! 

Aproveitem para ler minhas contribuições no site Gene Kelly Fans!

This post is part of the Summer Under the Stars blogathon, hosted by Sittin’ on a Backyard Fence and ScribeHard on Film. 

Wednesday, August 15, 2012

Vento e Areia / The Wind (1928)

Lillian Gish estava no fim de sua carreira como queridinha do cinema mudo quando veio esta colaboração com o diretor sueco Victor Sjöström. Ainda há um quê de melodrama, talvez não à moda Griffith, mas ainda assim muito bem interpretado por Lillian. Na época estava na moda ser vamp ou ter it, mas uma das rainhas do cinema mudo mostrou que nunca perderia a majestade.
O filme conta a história da virginal Letty Mason (Gish), moça que vai morar com o primo em um local árido. O que ela não sabia era que ventava sem parar em seu novo lar, e o vento, como prediz o vilão, é capaz de deixá-la louca. Para piorar, a esposa do primo sente ciúmes dela e a obriga a se casar. Há dois pretendentes e, durante um animado baile, os dois a pedem em casamento. Depois de feita a escolha sem amor, ela se vê sozinha com o vento e, para piorar, reencontra o vendedor de gado com más intenções.
Só de olhar bem fundo em seus olhos já podemos sentir a loucura que vai tomando conta da personagem. Se nos colocarmos em seu lugar, veremos que provavelmente também enlouqueceríamos em situação semelhante. Lillian detestou trabalhar na produção, sofrendo com o calor escaldante, a areia que voava e o enxofre que era usado para criar as tempestades de areia. Além de queimaduras de sol, ela teve lesões nos olhos.
Gish no deserto
Apesar de ser relativamente curto, trata-se de uma grande produção. Obviamente, criar tempestades de areia não foi tarefa fácil. Some a isso as gravações no Deserto de Mojave e está feita mais uma história de bastidores tão interessante quanto o filme em si. Os oito grandes ventiladores eram capazes de fazer verdadeiros estragos no set de filmagem, e o calor escaldante não ajudava. A equipe precisava usar roupas compridas e lenços em frente à boca e ao nariz para não serem sufocados pela areia que voava, mas mesmo assim sofriam com o calor. Os rolos de filma eram congelados para não derreterem com o calor e depois descongelados para edição. A própria Lillian se queimou ao colocar a mão em uma maçaneta de metal.
O cinema mudo estava com os dias contados, Lillian já não fazia mais tanto sucesso e seu colaborador D. W. Griffith raramente trabalhava. Além disso, ela tinha já 35 anos, o que para uma estrela de cinema pode representar a idade de aposentadoria. Mas tinha talento, e as atrizes talentosas sabem envelhecer sem perder a qualidade dos papéis. Olhem que nesse filme ela é disputada por três homens!    
Embora o galã seja o longilíneo ator sueco Lars Hanson, o vento é o protagonista. Os perigosos ventos do norte são retratados como um cavalo branco selvagem que bem poderia puxar uma carruagem fantasma (desculpem, não pude resistir a uma piada sobre um dos filmes mais conhecidos de Victor Sjöström). Outra que merece reconhecimento é Dorothy Cumming, interpretando Cora, a esposa ciumenta do primo de Letty. Como curiosidade, após o fim da era muda Dorothy passou a desenhar papéis de parede.
Tudo na produção partiu da iniciativa de Lillian: a ideia de adaptar o livro de 1925 escrito por Dorothy Scarborough e publicado anonimamente; o pedido de autorização a Irving Thalberg e a escalação de Victor e Lars, pois ela já havia trabalhado com ambos em “A Letra Escarlate” (1926). Na época do lançamento o filme foi duramente criticado, mas com o passar dos anos teve sua importância reconhecida.  
O final do filme foi modificado para algo mais positivo, decepcionando o elenco. Em minha opinião, o final é belíssimo e também poderoso. Sendo o último filme mudo de Lillian e Sjöström e um dos últimos da MGM, “Vento e Areia” permanece como uma obra-prima do cinema mudo, lidando com a força da natureza, a situação da mulher, a loucura e o poder que não sabíamos ter.
Depois do fim do reinado dos filmes mudos, Lars Hanson fez mais alguns filmes e voltou para a Suécia. Victor Sjöström (creditado em filmes americanos como "Seastrom") teve seu momento de glória na atuação ao interpretar o professor Isak Borg na obra-prima de Ingmar Bergman, “Morangos Silvestres” (1957). Lillian Gish dedicou-se ao teatro, escreveu livros, deu palestras e atuou em outros filmes, como “Duelo ao Sol / Duel” (1946) e “Mensageiro do Diabo / Night of the Hunter” (1955). Ela ainda é considerada a melhor atriz do cinema mudo e com uma boa quantidade de filmes acessíveis a qualquer público. 

This post is part of both the Summer Under the Stars blogathon, hosted by Sittin’ on a Backyard Fence and ScribeHard on Film and the Speechless Blogathon hosted by Eternity of Dream.
 

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